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O Xavante depende do cerrado e o cerrado depende do Xavante. Os animais
dependem do cerrado e o cerrado depende dos animais. Os animais dependem do
Xavante e o Xavante depende dos animais. Isso é o Ró. Ró significa tudo para
os caçadores Xavante: o cerrado, os animais, os frutos, as flores, as ervas, o
rio e tudo mais. Nós queremos preservar o Ró. Através do Ró garantiremos o
futuro das novas gerações: a comida, os casamentos, os rituais e a força de
ser Xavante. Se estiver tudo bem com Ró continuaremos a ser Xavantes. O
caçador anda no Ró e aprende a amá-lo. As mulheres aprendem a amá-lo porque
o casamento depende do Ró e porque também andam lá para pegar as frutas.
Antigamente o Ró era assim: havia a aldeia, envolta a roça, envolta as
frutas, envolta a caça junto com os espíritos, envolta mais caça e mais caça
sempre junto com os espíritos. Os espíritos ajudavam a descobrir os segredos
que o Ró escondia: onde estava a força do caçador, onde estava a caça, onde
tinha cobra e outros segredos. Os caçadores iam pegar a caça mais longe da
aldeia, assim os animais fugiam em direção a aldeia. Depois os caçadores iam
em outro lugar longe da aldeia. Assim os filhotes iam crescendo sempre e
esqueciam a tragédia da caçada. Mais longe que isto só estavam o céu e a
outra aldeia onde moram os mortos.
Mas hoje os rapazes não estão aprendendo a amar o Ró, nunca andaram,
caçaram, nem sabem cuidar dele, querem plantar arroz e soja. Hoje as novas
gerações querem comprar comida de fora, esqueceram que a comida vem do Ró,
não da cidade. As mulheres Xavante continuam a amar o Ró, sabem que só se ele
existir poderão se casar e casar seus filhos e filhas.
Desenho Owa'u Ruri'õ
Depoimento do ancião Top´tiro, curandeiro, de idade desconhecida e do
cacique Thiago Tseretsu à Hipãridi Dzutsi´wa Top´tiro Acervo Warã
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