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A Coleta

A'õ (Jatobá) Se come a fruta. Nasce na beira do rio. Foto Margarida Aguadé
A'õ (Jatobá)
Se come a fruta. Nasce na beira do rio.
Foto Margarida Aguadé

Nós Xavante, colhemos no cerrado frutas, raízes, ervas medicinais, palhas e madeiras para fazer as casas, e a matéria prima para fazer os artesanatos.

Quem colhe as frutas, raízes e palhas são as mulheres. De manhã as mulheres saem da aldeia em grupo para coletar as frutas silvestres; como coco de buriti, pequi, jatobá, etc. Elas conseguem andar no mato um pouco longe da aldeia, colocando as frutas comestíveis nos baquités grandes e nos baquités médios. Elas levam junto a água da cabaça, para beber quando estão com sede e quando elas estão longe do rio.

Folha de buriti (Tsitsu) Serve para construir (cobrir) a casa de acampamento. Serve para fazer cestos (baquités) Serve para dormir. Serve para fazer faísca do adolescente. Gosta do rio nascente.  Foto Margarida Aguadé
Folha de buriti (Tsitsu)
Serve para construir (cobrir) a casa de acampamento. Serve para fazer cestos (baquités) Serve para dormir. Serve para fazer faísca do adolescente. Gosta do rio nascente.
Foto Margarida Aguadé

As mulheres sabem a época de amadurecimento das frutas silvestres. Elas sabem distinguir facilmente as frutas semelhantes, as que não se pode comer e as que se pode comer. Em um dia elas, sozinhas, buscam as frutas no mato e voltam. Comem lá mesmo quando chega a hora de comer. As vezes descansam um pouco na sombra perto das frutas.

Retsu (Palmeira Indaia) Tem fruta comestível. Serve para construir a casa. Serve para cama. Tem em todo o cerrado. Foto Margarida Aguadé
Retsu (Palmeira Indaia)
Tem fruta comestível. Serve para construir a casa. Serve para cama. Tem em todo o cerrado.
Foto Margarida Aguadé

No mato, toda vez que as mulheres encontram o pé de fruta comestível, colhem o que está no chão e chacoalham o pé de árvore para que as frutas de cima, maduras, caiam. Assim, elas vão colhendo juntas as frutas que caem em queda como chuva. Depois, partem em busca de outra arvore de frutas.

Para construir a casa também precisa primeiro pegar no cerrado as madeiras duráveis e as palhas indaiá para cobrir o teto. Existe a divisão do trabalho entre homem e mulher para construir a casa. Primeiro o homem busca a madeira certa, que dura mais e que agüenta a água da chuva. Ele corta em primeiro lugar a madeira para a base da casa, que fica no meio, segurando a casa inteira. Depois disso, começa pegar o resto da madeira para a parede. As mulheres colhem a palha do indaiá para cobrir.

A're u (Pau doce) Serve para dor de barriga. Foto Margarida Aguadé
A're u (Pau doce)
Serve para dor de barriga.
Foto Margarida Aguadé

Também pegamos no cerrado as ervas medicinais. Guardamos bastante segredo sobre o uso de ervas medicinais. Um homem de cada família tem o conhecimento sobre as ervas medicinais, que aprendeu com seu pai ou avô. Ele pratica seu conhecimento no momento certo, quando há pessoa doente na aldeia ou no mato.

Dzo rãiró (Coquinho) Se come a fruta, a castanha. A folha é usada para fazer corda para o arco. Serve para fazer cachimbinho. Cresce em todo o cerrado. Foto Margarida Aguadé
Dzo rãiró (Coquinho)
Se come a fruta, a castanha. A folha é usada para fazer corda para o arco. Serve para fazer cachimbinho. Cresce em todo o cerrado.
Foto Margarida Aguadé

Esse homem pode se tornar um grande curandeiro, especializado em tratar as doenças, picadas de cobra, dores no corpo, e pode também se tornar o dono da tempestade, das cobras e de outras coisas. O curandeiro usa esses tipos de ervas medicinais feitos de raízes, de folhas, de caules das árvores, para ele é fácil achar em qualquer lugar no cerrado ou na mata. Ele trata criança, mulher e homem, pode ser adulto e ancião. Quando ele fica doente ele mesmo se trata com seus remédios.

Texto de Owa´ú Ruri´õ
Legendas de Tiago Tseretsu.
Levando madeira para construir a casa.  Foto Fernando Zambada
Levando madeira para construir a casa.
Foto Fernando Zambada