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A caça

Caçadores seguindo a pista do caitetu. Foto Francisco Junior
Caçadores seguindo a pista do caitetu.
Foto Francisco Junior

A caça era muito importante para o povo Xavante porque a sobrevivência, os rituais, o casamento dependiam da caça. A carne de caça trazia a comida, a força dos espíritos e a saúde.

Caçador carrega veado da forma tradicional. Desenho Lucas Ruri´õ
Caçador carrega veado da forma tradicional.
Desenho Lucas Ruri´õ

Antigamente os caçadores eram os genros. Eles caçavam a anta, o veado, o caitetu e outros animais, usando armadilhas, arco e flecha e borduna. Quando caçavam qualquer bicho, mandavam para os seus sogros em troca das filhas.

Caçador carrega a caça da forma tradicional até a estrada, onde está o caminhão da comunidade. Foto Francisco Junior
Caçador carrega a caça da forma tradicional até a estrada, onde está o caminhão da comunidade.
Foto Francisco Junior

Depois os sogros, com toda a carne em sua casa, distribuíam para seus irmãos e primos. Uma parte da carne, já assada, ia para o pai do caçador. A caça era considerada como uma negociação entre duas famílias, por isso era tão importante.

Os genros caçavam todos os dias para alimentar sua mulher e seus sogros. A caça era o trabalho dos genros para o sustento da sua família.

Tsadarõ ró na hã. Cerrado com mata ciliar ao fundo. Foto Francisco Junior
Tsadarõ ró na hã.
Cerrado com mata ciliar ao fundo.
Foto Francisco Junior

Hoje as caçadas diminuíram muito por causa do desmatamento, mas ainda são praticadas.

Temos três tipos de caçadas;

A caçada curta, que os genros fazem perto da aldeia;

Caitetu guardado na sombra pelos caçadores.  Foto Francisco Junior
Caitetu guardado na sombra pelos caçadores.
Foto Francisco Junior

A caçada longa, realizada pela comunidade da aldeia, que sai caminhando, acampando em vários lugares longe da aldeia. Essa caçada dura muito tempo, vários meses, mas é considerada como um descanso, porque não se faz em qualquer dia.

E existe a caçada onde os caçadores queimam o mato para acuar os animais, assim os bichos são encontrados com muita facilidade. Mas os caçadores sabem muito bem como queimar o mato e a área dos animais. Na área estabelecida fazem um circulo de fogo. Os caçadores ficam atrás do fogo, e o fogo vai comento esta área até fechar o meio do círculo. Assim os animais, a anta, o tamanduá e outros bichos, não escapam do fogo, queimam ou são pegos pelos caçadores lá fora na mata. Mas hoje estamos evitando este tipo de caçada pois o território é pequeno comparado a antigamente.

Carne de caça assada para não estragar. Foto Laercio Miranda
Carne de caça assada para não estragar.
Foto Laercio Miranda

Os genros, na verdade, usam outro conhecimento, ensinado pelos pais deles. Eles caçam a anta na mata, perto do rio. As vezes seguem as pegadas. Eles se preparam e se tratam para caçar, comem as folhas que atraem a anta. Não podem beber água, para não enfraquecer o espírito de caçador.

Fim de tarde no cerrado. Ró hoiwahö hã. Foto Xanda de Biase
Fim de tarde no cerrado.
Ró hoiwahö hã.
Foto Xanda de Biase

A caçada não é fácil não, é dura e pesada, como tora de árvore. Ela cansa muito o caçador. É fácil se perder na mata fechada, mas o caçador conhece muito bem o espaço do cerrado.

Depoimento do ancião Top´tiro, de idade desconhecida à Owa´u Ruri´õ
Acervo Warã
Legendas de Tseretó Tsahobö.